segunda-feira, 5 de abril de 2010

Doenças Inflamatórias Intestinais

O QUE SÃO?

Denominam-se Doenças Inflamatórias Intestinais um grupo de distúrbios inflamatórios crônicos envolvendo os intestinos delgado e grosso, representadas pela Retocolite Ulcerativa, Doença de Crohn e pelas Colites Indeterminadas, que são formas que apresentam sinais e sintomas que podem ser comuns entre estas duas doenças. A Retocolite Ulcerativa e a doença de Crohn são doenças, as quais apresentam relatos de sua ocorrência desde o Século XIX. Os relatos históricos mostram que, após a década de 30, ocorreu um sensível aumento do número de casos relatados a nível mundial, sendo que as duas doenças apresentam na atualidade uma freqüência semelhante, com incidência aproximada de até 20 por 100.000 habitantes. Regiões que apresentam uma elevada incidência de Retocolite Ulcerativa também têm uma alta incidência de doença de Crohn. Existe uma tendência de ocorrência familiar e racial na Doença Inflamatória Intestinal, possibilitando a afirmativa da importância do fator genético, sendo que uma história familiar de doença de Crohn está associada a um aumento tanto para a doença de Crohn como para a Retocolite Ulcerativa e vice versa. Determinados perfis de personalidade também podem relacionar-se com o aparecimento destas doenças.

Admite-se que o fumo constitui um fator ambiental que tem sido consistentemente associada a um menor risco de Retocolite Ulcerativa e um maior risco de doença de Crohn. A relação da ocorrência destas doenças com o estado sócio-econômico, as atividades físicas, a dieta e os anticoncepcionais orais foram propostos, mas os resultados dos diversos estudos são inconsistentes. Podem ocorrer em ambos os sexos, todas as raças e qualquer faixa etária, porém geralmente em jovens.

Alguns estudos tem proposto que ocorrências nos primeiros anos de vida de situações como infecções graves, maus hábitos de higiene estão associados com o aparecimento destas doenças.

COMO SE MANIFESTAM?

A Retocolite Ulcerativa é uma doença crônica, com característica de ser recorrente, localizada no intestino grosso (cólon), que é a porção terminal do intestino, com aproximadamente noventa centímetros de comprimento que inicia-se na porção inferior direita do abdome (cólon ascendente), terminando no reto. Esta estrutura do intestino tem como uma de suas funções, a de desidratar as fezes, e a outra,é a de armazenar fezes já formadas até o momento da evacuação. Quando a Retocolite Ulcerativa afeta o cólon, há no revestimento interno do intestino inflamação em algum segmento e formação de úlceras. A doença pode envolver todo o cólon ou somente parte, como no reto, ou mais correntemente, alguma área localizada entre eles. A Colite Ulcerativa caracteriza-se por uma reação inflamatória que envolve sobretudo a mucosa do intestino grosso. Esta doença inflamatória crônica e ulcerativa da mucosa do intestino grosso quase sempre começa no reto. Quando está ativa, a mucosa intestinal torna-se maciçamente infiltrada por células inflamatórias de fases aguda e crônica. A musculatura intestinal pode estar danificada, levando ao que se chama de megacólon (dilatação importante do intestino grosso).

Seus principais sintomas são: diarréia sanguinolenta e dor abdominal, esses sintomas são freqüentemente acompanhados por febre e perda de peso. O paciente grave queixa-se de cólicas fortes e demonstra sinais e sintomas de desidratação, anemia, febre e perda de peso. Diante de comprometimento predominantemente retal, pode ocorrer em vez de diarréia, constipação. As manifestações fora do intestino são artrite, alterações cutâneas ou evidências de doenças no fígado; pode ser um fator predisponente para câncer de intestino grosso. A deficiência de ferro pode ocorrer decorrente da perda crônica de sangue. Certas anormalidades dos eletrólitos, sobretudo baixo nível de potássio sanguineo (hipopotassemia), refletem o grau de diarréia. A perda de proteína para o lúmem, através da mucosa ulcerada, pode levar a hipoalbuminemia.

A doença de Crohn e a colite ulcerativa afetam principalmente os intestinos, resultando em dor, diarréia severa, hemorragia intestinal, perda de peso e febre. A Doença de Crohn e a Colite Ulcerativa afetam igualmente ambos os sexos. São mais comuns em indivíduos brancos que em negros ou asiáticos; com maior incidência em judeus. Podem ocorrer em todas as faixas etárias, no entanto, costumam aparecer entre os 15 e 35 anos de idade.

Os intestinos delgado e grosso são fundamentais para a digestão e absorção de nutrientes, auxiliado por de secreções vindas do fígado, pâncreas e intestino delgado que ocorre o prolongamento da digestão no duodeno e jejuno, antes já iniciada na boca e estômago. A absorção ocorre primariamente no jejuno; sendo que algumas substâncias são absorvidas no íleo terminal, como é o caso das gorduras, sais biliares e vitamina B12. O Intestino grosso, ou cólon, é o responsável por absorver água e excretar massa fecal. A Doença de Crohn caracteriza-se por inflamação crônica que se estende por todas as camadas da parede intestinal. Envolve predominantemente a parte distal do intestino delgado (íleo). Um quadro inflamatório semelhante pode ocorrer no intestino grosso (cólon) isoladamente ou com acometimento concomitante do intestino delgado. A Doença de Crohn localizada em segmentos do íleo também é conhecida como Enterite Regional.

Este distúrbio tanto pode desaparecer eventualmente, apresentando um curso benigno, quanto pode levar a complicações graves, como obstrução intestinal ou formação de fístula. Suas principais manifestações clínicas são: febre, dor ou cólica abdominal, fadiga generalizada, diarréia por período de tempo prolongado ou recorrente, anorexia e perda de peso. Pode haver anemia causada pela perda de sangue oculto, pelo efeito da inflamação crônica sobre a medula óssea ou pela má absorção de folato e vitamina B12. Outras manifestações não relacionadas com o aparelho digestivo podem ocorrer, como artrite, conjuntivite, uveíte, lesões na pele.

Nos casos de doença de Crohn, a diarréia pode resultar de malabsorção de sais biliares, área da superfície intestinal inadequada, tratamento fistulosos ou crescimento bacteriano excessivo. Em relação a consistência das fezes, quando estas se apresentam aquosas e soltas sugerem o envolvimento ileal, enquanto a incontinência, urgência ou sangramento retal (o que é mais comum na Colite Ulcerativa) sugerem envolvimento do intestino grosso. Os casos que apresentam diarréia importante, podem acontecer anormalidades dos sais do organismo, os eletrólitos (hipopotassemia, hipomagnesemia). A hipocalcemia (baixos níveis de cálcio sangüíneo) pode refletir extenso envolvimento da mucosa e má absorção de vitamina D. A má absorção de aminoácidos, bem como uma enteropatia perdedora de proteína podem levar a diminuição da síntese protéica, com baixos níveis plasmáticos de albumina. Esteatorréia pode acontecer decorrente da depleção de sais biliares e da lesão da mucosa.

CAUSAS

A causa básica destas doença é ainda desconhecida, muito embora pesquisadores acreditam que pode ser um defeito no sistema imunológico, em que os anticorpos do próprio organismo ataquem o cólon. Outros especulam que um microorganismo não identificado seja responsável pela doença. Muito provavelmente, a combinação desses fatores, incluindo hereditariedade, podem estar envolvidos na causa. Pesquisadores já estabeleceram desenvolveram o primeiro perfil genético para a doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa, dois tipos de doenças inflamatórias do intestino. Segundo estes, alguns dos genes identificados devem estar envolvidos em eventos primários, causando as doenças diretamente, enquanto outros são importantes na determinação da evolução da doença. Esta caracterização genética poderá auxiliar os médicos a diagnosticar mais especificamente pacientes que permanecem na categoria inespecífica de "Colite indeterminada".

Muitos estudos já demonstraram taxas aumentadas de câncer de cólon em pacientes com RCU e a superexpressão de vários genes de câncer fortalece o elo entre a doença e o câncer de cólon. A expressão aumentada de genes anti-germes em casos de DC, e mesmo em casos de RCU, aumenta a suspeita de que micróbios têm importante papel para o início da condição.

Estes distúrbios quase sempre possuem origem desconhecida. Fatores ambientais, genéticos, alimentares, imunológicos, infecciosos e até raciais tem sido investigados como seus possíveis causadores. Já se sabe que fatores psicológicos são provavelmente não primários, mas podem estar envolvidos também em sua etiologia.

Outros fatores, relacionados com a ingestão alimentar, sugerem que altos níveis de ingestão de proteína animal e ácidos graxos poliinsaturados, reduzida ingestão de ácidos graxos ômega-3 e ausência de fibras dietética possam ser aspectos que levam ao desenvolvimento destas doenças.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é suspeitado pelos sintomas e evolução clínica recorrente dos mesmos. Um exame com endoscopia (colonoscopia, retosigmoidoscopia) é sempre necessário, pos fornece detalhes característicos destas doenças. A Tomografia Computadorizada e o Raios-X do intestino também podem fornecer importantes elementos diagnósticos. Eventualmente a biópsia se fará necessária para melhores esclarecimentos.

Um comentário:

  1. Olá, tenho sentido uma dor estomacal junto a sensação de um bolo subindo e descendo dentro do meu organismo, fiz uma endoscopia e foi constado pangastrite leve... você pode me informar algo sobre esses sintomas?

    ResponderExcluir